Esta máquina cria água potável “a partir do ar” nas partes mais secas do mundo
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Para a grande maioria dos americanos, o acesso à água potável é um dado adquirido. Mas esse não é o caso de Abbie Nez. O homem de 77 anos vive há décadas em uma cabana de um cômodo na Nação Navajo, sem água encanada ou eletricidade.
Ela tem que dirigir até Page, Arizona, para comprar água para cozinhar e tomar banho, embora o segundo maior reservatório do país, o Lago Powell, esteja perto da casa de Nez.
“Fica bem aqui, não tem menos de 8 quilômetros e não há água corrente”, diz sua filha, Sheila Emmons. “É triste ver minha mãe diariamente, suando, reclamando de tanto calor.”
Este não é um problema novo. Cerca de um terço dos residentes da Nação Navajo vivem sem água corrente em suas casas. Eles são forçados a coletar chuva de seus telhados ou transportar tanques de água de cidades distantes para casa.
Embora uma grande parte da reserva faça fronteira com o Rio Colorado, a tribo nunca foi legalmente autorizada a retirar recursos dela. Na semana passada, a nação Navajo perdeu a luta no Supremo Tribunal dos EUA para melhorar os direitos à água.
Enquanto a tribo procura soluções, novas tecnologias ajudam pessoas como Nez.
Ela tem duas máquinas movidas a energia solar em seu quintal que sugam o vapor de água do ar para produzir mais de um galão de água potável todos os dias. Eles são chamados de hidropainéis.
“Fiquei meio cético quando eles disseram 'Ei, podemos retirar a umidade do ar. Podemos produzir água potável. Meu primeiro pensamento foi: 'Quando o inferno congelar'”, diz Jerry Williams, um líder local que trabalha para a Source Global, a empresa que fabrica as máquinas.
Com a sua ajuda, o governo tribal comprou painéis para cerca de 540 casas, reduzindo a necessidade de as pessoas se deslocarem até à cidade para comprar água.
A família de Nez diz que a tecnologia é uma bênção, mas não é perfeita.
Recentemente, um dos muitos cães que moram em sua propriedade mastigou um arame e ela não estava recebendo água alguma. A empresa diz que seus painéis estão sendo consertados.
“Os desafios com a água já existem há muito tempo”, afirma Cody Friesen, CEO da Source Global, da sede da sua empresa em Scottsdale, Arizona.
Os hidropanéis estão instalados em 52 países, diz Friesen, e mesmo em locais extremamente áridos como o Arizona, há vapor de água mais do que suficiente no ar para ser recolhido para beber.
Se toda a água da atmosfera caísse de uma só vez, cobriria todo o planeta com uma polegada de chuva, segundo cientistas do Serviço Geológico dos EUA.
“Estamos falando de um oceano atmosférico de vapor d’água, um recurso inexplorado”, explica Friesen.
Dependendo do modelo, um hidropanel custa entre US$ 2.000 e US$ 3.000 – um preço que é muito caro para muitas pessoas que vivem em áreas rurais. Friesen espera que o preço baixe e diz que há poucas dúvidas de que extrair vapor de água num local como o Sudoeste ajudaria as pessoas que lá vivem.
Décadas de seca e uso excessivo levaram o Rio Colorado à beira do colapso. As cidades e explorações agrícolas em toda a região estão a contemplar restrições significativas ao abastecimento de água, à medida que os reservatórios diminuíram nos últimos anos.
Mesmo as casas ligadas a um serviço de abastecimento de água beneficiariam se limitassem a sua dependência da infra-estrutura sobrecarregada, diz Friesen.
“A forma como avançamos quando há falta de confiança sobre a origem da água daqui a um ano, daqui a 10 anos e mais além”, diz ele, “é um problema não resolvido”.
Friesen diz que os hidropainéis fazem parte de um “grande livro de soluções” que o mundo precisa para reverter os efeitos da crise climática. Mas nem todos têm tanta certeza.
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